Campus da Universidade Federal do Piauí em Teresina

Docentes do ensino superior federal completam 32 dias de greve pela reestruturação da carreira e reajuste salarial. Os professores tiveram negociação com o Governo Federal, sem grandes avanços, mas esperam que a negociação desta manhã renda resultados.

A Associação dos Docentes da UFPI (ADUFPI) realizará assembleia na tarde desta terça-feira para avaliar a negociação com o governo, que se comprometeu em apresentar uma proposta de reestruturação da carreira.

“Esperamos que na negociação o Governo Federal possa honrar seus compromisso e apresente uma proposta digna de reestruturação da carreira.

Pois desde 1987 que não temos uma modificação, o que causa uma defasagem muito grande. Só para ter uma idéia, hoje, um professor doutor, com Dedicação Exclusiva, em início de carreira, ganha 7.600 reais.

Enquanto, um inspetor graduado da Polícia Rodoviária Federal ganha 9.900 reais”, conta o presidente da ADUFPI, Mario Ângelo, explicando que há uma desvalorização dos docentes.

Para a categoria, o ponto mais sensível hoje é questão da reestruturação. Há dois anos que os professores negociam com o governo seu projeto de careira docente e para tanto a ANDES (Associação Nacional dos Docentes) construiu com a categoria um anteprojeto de lei no qual é apresentada nossa proposta de uma carreira docente única com 13 níveis remuneratórios baseada no tempo de carreira, na titulação e na avaliação realizada com autonomia e por critérios objetivos definidos com fundamentos acadêmicos.

Professores contam que a eles não interessa uma discussão de ajuste salarial se não houver uma mudança na carreira. No Piauí a ADUFPI apresentou na última semana os 51 itens da pauta local para a Administração Superior.

Para a professora Valéria Silva, uma necessidade é instituir um grupo de trabalho que dê conta de pensar os problemas da Universidade de forma constante, não apenas do período de greve.

“Hoje temos problemas na universidade que tocam a própria função de universidade. Salas de aulas superlotadas, com 60 alunos, nos mostram o reflexo do tipo de universidade que nos colocam, o que impede pensar atrelado ao ensino, à pesquisa e à extensão”, diz Valéria.

Valéria conta que as políticas para o ensino superior devem ser repensadas. Para ela, a Reforma Universitária (Reuni) e o Ensino a Distância são dois pontos cruciais para entender como as universidades têm entrado numa lógica produtivista de diplomas.

“O Reuni tem expandindo a universidade, sem contudo trazer a qualidade. O ensino a distância deveria ser compreendido como mais um instrumento em um país continental como o Brasil, no entanto a forma que está sendo usada deve ser repensada”, diz.

Meio Norte