No lançamento nacional do SoberanIA, realizado nesta terça-feira (09) em Brasília, o governador Rafael Fonteles enfatizou que o Brasil precisa controlar sua própria estrutura de inteligência artificial para garantir autonomia e proteção aos dados públicos. Ele lembrou que o poder público reúne algumas das bases de informações mais delicadas do país, como registros da saúde, da segurança, da educação e da economia, e ressaltou que esse volume de dados exige um ambiente seguro, livre da dependência de plataformas internacionais.

Fonteles afirmou que a ideia do projeto surgiu justamente da preocupação em equilibrar o uso das tecnologias mais modernas sem abrir mão da confidencialidade das informações governamentais. Segundo ele, estados e União enfrentam um impasse: ou enviam seus dados para processamento no exterior, expondo material estratégico, ou renunciam aos benefícios da IA. Diante desse cenário, o Piauí decidiu desenvolver uma alternativa própria.

A partir dessa decisão, o governo reuniu pesquisadores e startups do país para criar um modelo de linguagem totalmente em português. Essa LLM foi construída com base em mais de 350 bilhões de palavras e contou com especialistas de diversas regiões do Brasil. O objetivo é permitir que o poder público aplique inteligência artificial em problemas reais sem perder o controle sobre o fluxo e o tratamento de suas informações.

O governador também destacou que o funcionamento do modelo está previsto para ocorrer em uma infraestrutura computacional pertencente ao Estado, evitando que bancos de dados nacionais trafeguem por servidores estrangeiros. Embora o hardware ainda seja adquirido de fabricantes internacionais, Fonteles explica que a meta é consolidar um ecossistema em que o Brasil detenha domínio sobre software, dados, processamento e propriedade intelectual.

Ele acrescentou que o novo modelo compreende melhor a realidade brasileira por ter sido treinado com dados licenciados no país, ampliando a capacidade do Estado de criar soluções em áreas como segurança pública e saúde. Para o governador, esse é um passo essencial para reduzir a dependência de sistemas estrangeiros.

Fonteles reforçou que o SoberanIA não é um projeto restrito ao Piauí. A expectativa é que a iniciativa se torne uma política nacional, envolvendo outros órgãos federais responsáveis pela gestão de grandes bases de dados. Ele também destacou o apoio da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, que acompanha a iniciativa desde seu início e contribuiu com financiamento para a etapa atual.

Para o governador, o ponto central do debate é a segurança no uso e no processamento de informações públicas. Ele avalia que o SoberanIA representa uma contribuição importante para que o Brasil avance rumo à soberania tecnológica e amplie a proteção de seus dados estratégicos.