OS VENCEDORES DA GUERRA

 

Vitor de Athayde Couto

 

– Isso mesmo. A guerra mal começou e já tem vencedores.

– E quem são?

– Começo pelos perdedores. Porque é mais fácil. Porque já são conhecidos.

– Quem? Quem?

– Ora, os mesmos de sempre.

– Diga quem, por favor!

– Os europeus.

– Como assim?

– Repare. Em 30 anos, eles se lascaram duas vezes.

– Explique.

– Nas duas grandes guerras (1914-1945) mataram-se à vontade. Depois entregaram a estrela de xerife para o tio Samuel, um judeu do Brooklyn, acionista majoritário da indústria bélica e líder do CIM. É ele quem financia as campanhas eleitorais para a casa branca…

– Branca?

– Sim, branca. Como eu dizia, para a casa branca e para o capitólio.

– Capitólio?

– Sim, capitólio de capital, capitalismo. Ou, se você quiser, pode ser o templo de um deus poderoso que atende pela invocação de Júpiter. Ele exige oferendas acompanhadas de explosões, trovões, raios e tempestades. Em uma só palavra: bombas.

– E o que é CIM?

– CIM é como se invoca o Complexo Industrial Militar.

– Por que os europeus entregaram a estrela? Eles não são mais inteligentes? Superiores?

– Era pra ser, né? Mas não basta ser loiro. É preciso mais que isso.

– Explique.

– Por exemplo, pra que tanta tecnologia se eles usam a última geração do conhecimento pra se matar?

– Verdade. Eles conhecem tudo, menos o amor. E continuam se matando, né?

– Pois é. Bem-vindo ao século XXI que mal começou. E talvez termine mais cedo do que a gente pensa haha.

– Por que está rindo? Não tem medo?

– Eu? Eu, não. Quem tem medo são as pessoas que vivem falando em Deus o tempo todo. Não largam a Bíblia, tentando se convencer que existe vida eterna. Perda de tempo. Acreditam mais no tio Sam do que em Deus. Mas ainda não perceberam que o xerife tá caindo do cavalo e precisa fazer muita guerra pra melhorar a sua popularidade. O americano médio nunca irá reeleger um presidente que, no primeiro mandato, fez investimentos num amplo programa de saúde pública, ou num programa nutricional para melhorar a qualidade da sua comida ruim, um programa cultural para introduzir o hábito da leitura, aprender Geografia etc. A atual classe média americana só reelege quem faz guerra. Aqueles que, em 1968, gostavam de fazer amor em vez de guerra ficaram velhos. Broxaram. Até o Superman broxou. Enquanto isso os chineses observam e fazem tsc, tsc, tsc. A guerra mal começou e já tem vencedores.

 

COMENTÁRIOS

 

A crônica “Maria Isabel” (leia aqui), publicada no dia 04, suscitou alguns comentários interessantes, por exemplo:

Uma leitora lembrou-se de quando era muito pequena, de férias em Tramandaí. Segurando-a no colo, seu pai costumava cantar: “A praia estava deserta / O sol brilhava no céu / E eu contente cantava / Pra você, Maria Isabel.” – esse era o seu nome.

Outra leitora viajou no tempo, como ela mesma disse. De carona na carreta do piazito guapo, deve ter batido a fome das estradas quando ela declarou: “gosto de todas as versões: Maria Isabel, tropeiro, carreteiro e baião de dois tb. Adorei as músicas.”

Detalhe: as duas leitoras são gaúchas.

 

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Escute o texto com a narração do próprio autor: