De acordo com o Banco Central, nível de atividade registrou ‘tombo’ de 5,29% em doze meses até outubro de 2016.
O nível de atividade da economia brasileira continuou no vermelho em outubro deste ano, o primeiro mês do quarto trimestre, segundo informações divulgadas nesta quinta-feira (15) pelo Banco Central.
O chamado Índice de Atividade Econômica do BC, o IBC-Br – um indicador criado para tentar antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), que é divulgado pelo IBGE – teve queda de 0,48% em outubro, na comparação com setembro. O resultado foi calculado após ajuste sazonal (uma espécie de “compensação” para poder comparar períodos diferentes).
A retração de outubro mostra intensificação em relação ao mês anterior, quando foi registrado um encolhimento de de 0,08% (dado revisado). Também foi o quarto mês seguido de tombo do nível de atividade. Em 2016, o indicador caiu em quase todos os meses, com exceção de abril (+0,10%) e junho (+0,29%).
O Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. Em 2015, de acordo com o IBGE, o PIB recuou 3,8%. Para 2016, a estimativa de analistas dos bancos é de um recuo de 3,48%. No terceiro trimestre deste ano, o PIB teve um “PIB teve um encolhimento de 0,8%
A economia brasileira atualmente passa por um período de forte recessão, que acontece em um ambiente de alta da inflação, das taxas de juros, do desemprego (que superou a marca de 11%) e também da inadimplência.
A equipe econômica tem avaliado piorou sua previsão e estima que a economia brasileira voltará a se recuperar somente no começo de 2017. A expectativa do governo é de que, em 2017, o PIB tenha uma alta de 1%, mas o mercado financeiro vê uma alta menor, de 0,70%.
Comparação com outubro de 2015
Na comparação com o mesmo mês de 2015, a queda do IBC-Br em outubro foi ainda maior, de 5,28%. Neste caso, a comparação foi feita sem ajuste sazonal – pois considera períodos iguais. Com ajuste sazonal, a queda, nesta comparação, foi de 3,88%.
Os números do Banco Central mostram que, nos dez primeiros meses deste ano, o indicador registrou contração de 4,82% na atividade, também sem o ajuste. Com o ajuste, a retração é de 5,01%. Já no acumulado dos 12 meses até outubro, o indicador teve queda de 5,09%, sem o ajuste sazonal, e de 5,29%, com o ajuste.
IBC-Br x PIB
Embora o cálculo seja um pouco diferente, o IBC-Br foi criado para tentar ser um “antecedente” do PIB. O índice do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos.
Os resultados do IBC-Br, porém, nem sempre mostraram proximidade com os dados oficiais do PIB, divulgados pelo IBGE. O Banco Central já informou anteriormente que o IBC-Br não seria uma medida do PIB, mesmo que tenha sido criado para tentar antecipar o resultado, mas apenas “um indicador útil” para o BC e para o setor privado.
Recentemente, o BC atualizou a metodologia de cálculo, incorporando novos indicadores, com destaque para a utilização da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) em substituição à Pesquisa Mensal de Emprego (PME), além de outras mudanças.
Definição dos juros
O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros (Selic) do país. Com o menor crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressão inflacionária. Atualmente, os juros básicos estão em 13,75% ao ano.
Pelo sistema de metas de inflação que vigora no Brasil, o BC precisa ajustar os juros para atingir as metas preestabelecidas. Quanto maiores as taxas, menos pessoas e empresas dispostas a consumir, o que tende a fazer com que os preços baixem ou fiquem estáveis.
Para 2016, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Desse modo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país e medida pelo IBGE, pode ficar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida neste ano.
Em 2017, a meta central também é de 4,5%. Porém, o teto é menor: de 6%.
Neste ano, o mercado financeiro acredita que a inflação oficial ficará um pouco acima do teto de 6,5% do sistema de metas. Para os analistas dos bancos, a inflação somará 6,52% em 2016. Em 2015, somou 10,67%, a maior em 13 anos, e estourou a meta.
O Banco Central tem dito que trabalha para trazer a inflação para dentro da banda do sistema de metas em 2016 e para o objetivo central, de 4,5%, em 2017.
Fonte: G1