Música ao vivo provoca mais atividade cerebral na amígdala esquerda do que a mesma música gravada
Usando scanner de ressonância magnética, grupo de pesquisadores identificou que uma música tocada ao vivo gera mais atividade cerebral do que a mesma música em versão gravada. Um grupo de pesquisadores decifrou por que ouvir música tocada ao vivo provoca mais emoções do que ouvir a mesma música gravada, de acordo com um estudo publicado em fevereiro na revista científica PNAS.
A pesquisa sugere que as melodias ouvidas ao vivo são capazes de desencadear maior atividade no lado esquerdo do cérebro, que está ligado ao processamento de emoções.
Como foi o experimento
Em situação controlada, 27 participantes sem experiência musical ouviram 12 músicas com duração de 30 segundos cada uma. Seis delas buscavam transmitir emoções negativas, como tristeza e raiva, eram mais lentas, com menos harmonias e acordes menores. As outras seis tinham o objetivo de evocar emoções positivas.
Os participantes ouviram a mesma peça duas vezes: uma tocada ao vivo por um pianista e a outra numa gravação. Os ouvintes não sabiam se a execução era ao vivo ou não, e as duas versões saíam dos mesmos alto-falantes.
Scanner para analisar atividade cerebral
Com a ajuda de um scanner de ressonância magnética, os cientistas mediram a atividade cerebral dos participantes enquanto eles ouviam as músicas.
O pianista também podia escolher se queria tocar mais forte ou mais rápido, dependendo da atividade cerebral dos participantes. Por exemplo, se o ouvinte não demonstrasse muita atividade em resposta a uma peça qualificada como positiva, o pianista aumentava a intensidade.
“A música gravada não se adapta à resposta do ouvinte, mas os pianistas que tocam ao vivo geralmente adaptam a música ao público para obter a melhor resposta”, disse o autor principal do estudo, Sascha Frühholz, da Universidade de Zurique, à New Scientist.
Música ao vivo supera as gravações
Os cientistas também observaram que a execução ao vivo de peças positivas e negativas provocava consistentemente um aumento na atividade cerebral na amígdala esquerda, região do cérebro fortemente ligada às emoções relacionadas ao som.
Em contraste, as melodias gravadas provocavam atividade muito menos intensa e mais irregular, o que era consistente com a avaliação emocional dos participantes sobre cada peça musical.
“Nosso estudo mostrou que as emoções agradáveis e desagradáveis interpretadas como música ao vivo provocaram uma atividade muito maior e mais consistente na amígdala do que a música gravada”, acrescentou Frühholz em comunicado.
“A apresentação ao vivo também estimulou uma troca mais ativa de informações em todo o cérebro, o que aponta para um forte processamento emocional nas regiões cerebrais afetivas e cognitivas”, disse Frühholz à revista científica.
Os pesquisadores esperam repetir a experiência com um público maior, num show: “Se você vai a um show ao vivo, não está sozinho. Essa experiência emocional intensificada também é uma experiência social.”
Fonte: Cultura