Com o avanço da tecnologia e a presença constante de dispositivos eletrônicos no cotidiano, manter o foco e a concentração tornou-se um dos maiores desafios para estudantes. A hiperexposição a telas tem gerado impactos diretos no desempenho escolar e na saúde mental, especialmente entre os jovens, realidade percebida de perto por educadores como o professor de matemática Fábio Silva.

“Percebi uma mudança significativa no comportamento dos alunos. Antes, não havia celular em casa. Hoje, mesmo com a proibição dos aparelhos nas escolas, os efeitos do uso excessivo ainda são visíveis, principalmente na forma de ansiedade e dificuldade de manter a atenção”, explica o professor.

O Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de transtornos de ansiedade, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre os jovens, o vício em redes sociais e notificações constantes têm levado a uma sensação de urgência contínua. Quando estão longe dos dispositivos, muitos relatam sintomas como irritabilidade, inquietação e até medo de estar “perdendo algo”.

O estudante Yann Kayo Ayres relata que já sofreu com essa dependência, mas conseguiu retomar o controle. “Antes, eu me sentia muito afetado pelo uso constante do celular. No último ano, decidi mudar. Hoje, me sinto menos cansado, consigo pensar melhor e tenho mais foco”, conta.

Além dos impactos emocionais, o uso prolongado de telas também afeta o sono. A luz azul emitida por smartphones e computadores interfere na produção de melatonina, o hormônio do sono, comprometendo o descanso e dificultando o aprendizado no dia seguinte. “A expectativa e ansiedade aumentaram. O aluno fica agitado por não poder usar o aparelho na sala, e isso torna ainda mais difícil manter o foco, especialmente em uma disciplina como matemática”, afirma Fábio Silva.

Do ponto de vista neurológico, o uso intenso de telas ativa circuitos de dopamina relacionados à recompensa rápida, o que reforça comportamentos imediatistas e prejudica a concentração em tarefas que exigem esforço contínuo, como os estudos.

A adoção de hábitos saudáveis para reduzir os impactos da tecnologia na rotina dos estudantes se faz essencial. Práticas simples como pausas regulares, momentos de relaxamento, técnicas de respiração e uma relação mais gentil consigo mesmo podem ajudar a controlar a ansiedade e melhorar a capacidade de foco.