PRODUÇÃO INDEPENDENTE 

Vitor de Athayde Couto

No Brasil, a produção independente de filhos já é muito comum. Na mesma proporção proliferam os “pães” (pessoas que são, ao mesmo tempo, pais e mães). Mas parece que está rolando uma produção independente de netos!

Confesso que não sabia da existência desse tipo de produção independente. Acho que alguma fada boa ou bruxa malvada (não vejo diferença, pois todas elas falam essas línguas estranhas de igrejas estranhas) foi transformando lentamente muitos vovôs e vovós numa espécie de avô sem avó, ou avó sem avô. Pior ainda, em avôs e avós solitários, com uma enorme responsabilidade pra cuidar dos meninos de vó.

Olha que eu já dei a volta ao mundo, fui empresário, criei galinhas e patas, consertei bicicletas, venci festivais de música, catei estrume na rua, plantei bananeira, vendi frutas na calçada… enfim, já fui até aquele primeiro ou terceiro que a Tereza deu a mão. Mas nunca havia sentido tanto peso nos ombros, tanta responsabilidade ao me tornar um “vôvó” (pessoa que é, ao mesmo tempo, avô e avó).

Quem já carregou um filho dormindo sabe muito bem o que significa peso nos ombros. Literalmente. Décadas depois aprendi que um neto pesa muito mais do que um filho. Parece até que neto tem mais força de gravidade. Mas eu canto pra ele não dormir enquanto carrego. Criança dormindo pesa duas vezes mais do que criança acordada, principalmente aquela que tem o sono pesado, haha.

Ouça a crônica abaixo e respectivo áudio:

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