Bruno e Elisa Samudio (Foto: Reprodução)

Uma proposta de acordo, detalhada em documento secreto encontrado pela polícia, pode ter sido a isca perfeita para atrair a modelo Eliza Samudio de São Paulo ao Rio, de onde teria partido para sua morte.

Assim é tratada pela acusação a descoberta da minuta de um contrato entre a ex-amante e o goleiro Bruno de Souza, com garantias de que ele assumiria a paternidade de Bruninho e pagaria pensão de R$ 3.500.

Segundo o texto encontrado pela polícia no notebook de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, para o acordo valer, Eliza teria que abrir mão de um processo na Justiça contra o jogador.

Macarrão e Bruno serão julgados em Contagem (MG), com mais três réus, segunda-feira, pelo desaparecimento e morte de Eliza.

No relatório do inquérito policial, o contrato, sem assinatura, com os nomes de Bruno e Eliza, além de dois advogados, é destacado como “parte de um todo fortemente comprobatório da autoria dos crimes praticados pelos indiciados”.

Para a polícia, o documento, que seria encaminhado à 1 ª Vara de Família da Barra da Tijuca, fortaleceu ainda mais a ideia, para Eliza, de que ela realizaria seu principal desejo: entrar em acordo com o pai de seu filho.

O termo que selaria a paz entre os dois têm data de 8 de junho de 2010. Neste dia, Eliza já estava mantida em cativeiro no sítio do jogador, em Esmeraldas (MG).

Está no documento também a realização de exame de DNA de Bruninho em 11 de junho, quando o goleiro e Eliza iriam a um laboratório — dia seguinte à morte de Eliza, segundo o Ministério Público de Minas.

Para a promotoria, há dúvida se o recurso não foi criado para tentar despistar o envolvimento do atleta no crime.

Mesmo de volta ao Rio para sacramentar acordo com Bruno, Eliza estava com medo. Em 11 de maio de 2010, um mês antes de seu desaparecimento, a modelo enviou uma mensagem para o celular da sua então advogada Anne Faraco.

“Tô no mesmo hotel que fiquei daquela vez. Se acontece (sic) algo, já sabe quem foi”, escreveu, numa referência velada ao jogador. Ela se referia ao Hotel Transamérica, onde ficou hospedada até ir para casa de Bruno, no Recreio dos Bandeirantes, em 4 de junho de 2010.

Preocupada com seu destino, a mulher faz questão de avisar os amigos mais próximos que viajaria para o Rio.

Em tom de brincadeira, em 28 de novembro de 2009, quando estava grávida de Bruninho, Eliza escreveu a amigo, dizendo que, se fosse a Minas, seria morta. “Terra de Bruno só vou com passagem de ida. Vão me matar lá. O Bruno é maluco”, disse.

Só este ano Bruninho foi reconhecido

Pela minuta que foi encontrada, caso fosse confirmada a paternidade, Bruno teria um mês para comparecer a cartório na Barra da Tijuca para se declarar, por escritura pública, pai do filho de Eliza. A partir daí, o goleiro pagaria, dia 1º de cada mês, a pensão, além de incluí-lo como dependente em plano de saúde.

O chamariz que teria atraído Eliza ao Rio para ser possivelmente morta em Minas Gerais foi em vão. Só este ano, a Justiça impôs ao goleiro o reconhecimento da paternidade de Bruninho.

Fonte: meionorte.com