Duas secas consecutivas no Piauí e em todo o Nordeste, por dois anos seguidos, deixaram um prejuízo recorde na economia local. Segundo estimativas da Federação dos Trabalhadores da Agricultura (Fetag) do Piauí, o Estado perdeu R$ 3 bilhões entre nos últimos dois anos, ao se somar as safras 2011- 2012 e 2012-2013.

O número não é confirmado pela Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado, que diz ser impossível calcular os prejuízos, mas levantamento extraoficial feito por O DIA, com base nas informações do IBGE revela que a estimativa na Fetag não está distante da realidade.

No final de 2011, quando o órgão divulga os dados referentes ao ano (safra 2010-2011) e a seca não foi tão severa, as principais culturas do Piauí amargaram um prejuízo de R$ 130 milhões. No ifnal de 2012, com a seca já se agravando, o rombo subiu para R$ 500 milhões. Como ainda estamos em agosto e o IBGE só divulgará o resultado da colheita no final do ano, o prejuízo deverá ser maior ainda, já que a seca referente à safra 2012-2013 é considerada a mais severa do Nordeste nos últimos 50 anos segundo a Organização das Nações Unidas.

O presidente da Fetag-PI, Evandro Luz, diz que nunca tinha visto uma seca tão forte. “As perdas foram de 98% e em vários municípios chegou a 100%. Até mesmo os cerrados foram atingidos”, afirma o agricultor, lembrando que, por ser uma produção com tecnologia de irrigação e clima melhor, dificilmente os cerrados sofrem conseqüências da estiagem.

Ainda segundo a Fetag, cerca de 250 mil famílias piauienses, aproximadamente 1 milhão de pessoas, estão sendo afetadas diretamente pela seca, principalmente as que possuem pequenas propriedades.

Para tentar reduzir os prejuízos, o Governo Federal acionou os programas Garantia Safra e Bolsa Estiagem, que transferem, este ano, mais de R$ 329 milhões a agricultores piauienses afetados pela seca prolongada.

Na safra 2012/2013, o Garantia Safra – seguro que cobre os prejuízos dos agricultores familiares – está atendendo 105.174 trabalhadores em 137 municípios do Piauí. Serão R$ 130 milhões. Na safra 2011/2012, o número de atendidos chegou a 89.636 em 155 municípios – R$ 111 milhões.

Já o Bolsa Estiagem atende no momento a 122 mil agricultores em 198 municípios do Piauí. R$ 720 para cada um até o final do ano, cerca de R$ 88,1 milhões. O Bolsa Estiagem é um auxílio financeiro a agricultores familiares que vivem em situação de emergência reconhecida pelo governo. Para receber o dinheiro, o agricultor deve estar no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e possuir renda de até dois salários mínimos e não ter aderido ao Garantia Safra.

Já o programa Garantia Safra é um seguro para agricultores familiares com renda familiar mensal igual ou inferior a 1,5 salário mínimo e que vivem na área de atuação da Sudene. Tem direito ao seguro quem perder, por falta ou excesso de chuvas, pelo menos 50% da safra.

De acordo com os últimos dados da Defesa Civil, 209 municípios piauienses já declaram situação de emergência devido à seca. O número representa 93% dos 224 municípios do Estado.

Fonte: O Dia