Suspeito de envenenar família demonstrava desprezo pelas vítimas, diz delegado
A Polícia Civil do Piauí realizou uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira (08), para explicar os desdobramentos que levaram à prisão temporária de 30 dias de Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, suspeito de envenenar alimentos que resultaram na morte de quatro pessoas de sua própria família durante um almoço de Ano Novo em Parnaíba.
Cronologia dos fatos
Segundo o delegado Abimael Silva, o crime ocorreu no dia 1º de janeiro. Durante a investigação, foi constatado que o veneno utilizado, identificado como terbufós, foi encontrado na panela em que o arroz foi preparado e também no organismo das vítimas.
Na noite anterior, a família havia preparado o arroz e consumido parte dele sem apresentar sintomas. Contudo, no dia seguinte, o arroz foi requentado em outra panela por insistência do suspeito. Essa segunda panela, segundo a polícia, não foi localizada, mas resíduos do veneno foram encontrados na panela original. A perícia acredita que o veneno foi adicionado ao alimento entre o fim da festa de Réveillon e a refeição de Ano Novo.
Os depoimentos apontam contradições no relato do suspeito. Inicialmente, ele afirmou não ter se aproximado da panela. Posteriormente, mudou sua versão, dizendo que orientou a utilização do arroz. Os demais relatos da família foram unânimes, enquanto o do suspeito divergia.
Relações familiares e motivação
De acordo com o delegado Abimael Silva, Francisco, padrasto que era padrasto de uma das vítimas, tinha um histórico de conflitos com os enteados e demonstrava desprezo por eles, segundo depoimentos colhidos. Ele se referia à enteada Francisca Maria, uma das vítimas, de forma pejorativa e chegou a chamá-la de “matuta” e “preguiçosa”. Também fazia comentários depreciativos sobre as crianças da casa, chamando-as de “primatas” e “tribo de índios”.
Além disso, foi encontrado na casa um baú trancado, acessado apenas por Francisco, onde a polícia apreendeu documentos e revistas sobre o nazismo.
Comportamento suspeito
Durante o almoço, testemunhas relataram que Francisco comeu de forma hesitante, trocando de recipiente antes de se servir. As investigações apontam que ele teria sentido os efeitos do veneno horas depois, em menor intensidade que os demais. Policiais que estiveram no local observaram que ele não demonstrava emoção diante da gravidade da situação, mesmo com o corpo do enteado no local.
Esclarecimentos e continuidade da investigação
O delegado Williams Pinheiro destacou que o caso atual não tem ligação com o episódio ocorrido em 2024, no qual duas crianças da mesma família morreram após ingerirem cajus envenenados. Já o delegado Ayslan Magalhães pediu cautela à população, reforçando que o caso ainda está sob investigação e que Francisco é o principal suspeito, mas as apurações continuam.
A prisão de Francisco foi decretada para garantir a segurança da família e evitar interferências na investigação. A polícia segue analisando os materiais apreendidos e coletando mais evidências para esclarecer completamente o caso.