Margarete Coelho defende a criação de um fundo de financiamento. Risco de fechamento foi denunciado pela arqueóloga Niède Guidon.
Após mais uma grave ameaça de fechamento do Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, a vice-governadora do Piauí classificou a situação como de penúria. Segundo Margarete Coelho, enquanto não houver uma fonte de financiamento perene para o local a realidade de crise constante enfrentada pela administração da reserva não irá mudar.
Margarete defendeu que o governo do estado também ajude com a destinação de recursos e ressaltou a necessidade de se restabelecer as relações administrativas entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A Serra da Capivara é o único parque nacional que não é administrado pelo órgão federal, mas sim através de convênio com a Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham).
“O governador já determinou que a equipe busque solução no sentido de fazer uma transferência emergencial de recursos a fim de que se mantenha o parque. Falta uma fonte perene de financiamento para o parque para que a Fumdham possa programar e planejar a administração do parque, porque viver nessa situação de penúria é muito triste para a Serra da Capivara”, falou.
A vice-governadora destacou a existência de uma crise administrativa entre a Fumdham e o ICMBio, cujo contrato está expirado desde 2015. Margarete disse que além da preocupação com as pesquisas, existe também a preocupação com muitas espécies ameaçadas de extinção que vivem no parque e que precisam de proteção.
O ministério do Meio Ambiente afirmou na quarta-feira (17) ter liberado de forma emergencial R$ 1 milhão. O anúncio ocorreu um dia após a arqueóloga Niede Guidon ter denunciado que não havia mais recursos para garantir a manutenção e pagamento do funcionários da unidade de conservação. Uma reunião com o ministro do Meio Ambiente Sarney Filho deve ser realizada na próxima terça-feira (23) para tratar novamente da crise no Parque Nacional.
A coordenadora da Fundação Museu do Homem Americano (Fundham), Rosa Trakalo, que esteve em Teresina nesta quarta-feira (17) para tratar sobre os problemas que enfrenta o parque, reafirmou que a unidade pode fechar caso não chegue nenhum recurso. O mesmo já havia sido denunciado pela arqueóloga Niède Guidon na terça-feira (16).
Patrimônio Cultural da Humanidade
Com mais de 1.200 sítios com arte rupestre, pinturas que foram feitas em rochas e paredes de cavernas há milhares de anos, o Parque Nacional da Serra da Capivara possui o maior quantidade de sítios arqueológicos pré-históricos das Américas e é considerado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação.
O trabalho de Niéde Guidon, feito desde a década de 1970, contesta a teoria dominante de que o homem moderno teria chegado à América há 12 mil anos apenas via estreito de Bering em direção ao Alasca, atualmente território dos Estados Unidos. Pesquisadores de uma expedição francesa, coordenados por Niéde, acharam no Piauí vestígios de uma fogueira feita há mais de 50 mil anos. Os arqueólogos também encontraram representações de arte rupestre que têm, aproximadamente, 29 mil anos, além de ossos com 12 mil anos.
Fonte: G1/Piauí