Giba já não aguenta mais. Depois de 16 anos desde sua estreia pela seleção brasileira, o capitão prepara a despedida. A paixão pelo ambiente, pelo grupo e pela rotina de títulos ainda está lá. Mas a decisão já foi tomada, e a data, marcada: o fim das Olimpíadas de Londres, em 2012. O relógio, apressado, marca exatamente um ano para o início da competição. E o maior ícone do período mais vitorioso do vôlei brasileiro reconhece que não será fácil deixar de lado a velha camisa amarela, com o número 7 estampado nas costas.

– Já coloquei na minha cabeça. Não dá mais. Minha filha me ligou outro dia chorando, dizendo que estava com saudades. Eu estava na estrada, cheguei em casa e disse que estava tudo bem. Mas a criação acaba sendo outra. E isso pesa muito. Claro, vou sentir falta de tudo. Da convivência, de estar em quadra e ouvir o hino. Estar em um ginásio lotado, representando seu país. Quem está fora fica arrepiado, imagina eu? – disse o capitão, que completa 35 anos em dezembro e tem, pela seleção, um ouro olímpico, três títulos mundiais e oito conquistas da Liga Mundial.

Condições para seguir, ele afirma ter de sobra. Depois de uma temporada marcada por lesões em 2010, o ponteiro voltou a ser decisivo nos jogos da seleção durante a Liga Mundial deste ano. O ritmo pesado e o tempo longe da família, no entanto, apressaram a decisão de deixar a equipe no ano que vem.

– Em 20 anos de seleção, contando juvenil e outras de base, eu nunca fiz uma cirurgia. Sou um abençoado por isso. No ano passado, fiquei no banco no Mundial e sei que ajudei mesmo assim.

Por conta da boa forma, Giba afirma que teria condições até mesmo de chegar aos Jogos de 2016 ainda representando o Brasil. Mas nem isso o balançou para que mudasse de ideia. Os planos para o "depois", no entanto, não deixam a competição de lado. Mesmo que seja fora de quadra.

– Sinceramente? Nem isso me balançou. Mas eu me vejo trabalhando nos Jogos, mesmo que seja em outra área. Claro, se me derem a oportunidade.

Antes, pretende encerrar sua história na seleção com uma outra conquista. Apesar da prata na Liga Mundial, o ponteiro acredita que o Brasil tem todas as possibilidades de voltar de Londres com mais um ouro olímpico.

Sobre seu tempo na seleção, Giba não escolhe nem o melhor nem pior momento. Também não sabe do que sentirá mais falta. Brinca, porém, ao dizer exatamente o que não deixará saudades.

– O melhor momento foi quando eu entrei na seleção, e o pior vai ser quando eu sair. Qualquer momento na seleção é especial. Poderia falar de um torneio em Atlanta, em 95, quando estreei pela seleção principal, ou o Sul-Americano de 93 pela base. Não tenho do que não sentir falta. Aliás, só não vou sentir falta nenhuma das broncas do Bernardinho. Isso eu não posso deixar de falar – brincou, aos risos, o capitão.

Fonte: Globo Esporte