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CAIRO — A caixa preta do avião russo que caiu na Península do Sinai neste sábado foi recuperada e será analisada por especialistas, confirmou o governo egípcio neste sábado. Todos as 224 pessoas a bordo morreram no acidente da aeronave da companhia KogalimAvia, conhecida como Metrojet, que perdeu contato com os radares 23 minutos após deixar o balneário de Sharm el-Sheikh para São Petersburgo. Mesmo após as autoridades apontarem que não há indícios de que o avião tenha sido abatido, o ramo egípcio do Estado Islâmico disse ser o responsável pelo acidente, mas sem dar detalhes de como realizou o atentado.

“Os combatentes do Estado Islâmico foram capazes de derrubar um avião russo sobre a província do Sinai que levava mais de 220 cruzados russos. Eles foram todos mortos, graças a Deus”, disse a declaração que circulou no Twitter.

O Sinai é um local de insurgência do grupo Província do Sinai, composto por militantes que apoiam o EI e responsáveis por matar centenas de soldados e policiais egípcios e atacar alvos ocidentais nos últimos meses. No entanto, forças de segurança egípcias disseram não acreditar que há “irregulares” por trás do incidente. A Rússia, que no último mês realizou ataques contra alvos do EI na Síria, também se mostrou cética sobre a declaração dos jihadistas. O ministro dos Transportes russo disse à agência de notícias Interfax que a reivindicação “não pode ser considerada precisa”.

— Estamos em contato com nossos colegas egípcios e as autoridades aéreas desse país. Por ora, não dispomos de qualquer confirmação sobre esta reivindicação — disse o ministro Maxime Sokolov.

POSSÍVEIS FALHAS TÉCNICAS

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A aeronave, do modelo Airbus A-321, estava em serviço há 18 anos. De acordo com a imprensa egípcia, a queda foi causada por falhas técnicas. Um piloto nomeado para investigar o acidente disse ao site “Ahram Online” que o comandante do voo fez contato com os controladores de tráfego aéreo, pedindo para aterrizar no terminal mais perto, o que pode sugerir que ele tentou realizar um pouso de emergência.

Além disso, um funcionário do serviço de rastreamento de voo “Radar 24” contou à BBC que o avião russo ganhou altitude após a decolagem e assim permaneceu até começar a apresentar problemas. Em seguida, teria começado a cair “muito rápido.

— Nós rastreamos uma queda de cinco mil pés em aproximadamente um minuto e depois perdemos contato com a aeronave — disse Mikail Robertson.

TRAGÉDIA NO SINAI

O acidente foi noticiado nas primeiras horas deste sábado, quando o primeiro-ministro egípcio, Ismail Sharif, afirmou que um avião russo que transportava 224 pessoas, entre eles 200 adultos, 17 crianças e 7 tripulantes, havia caído na Península do Sinai. Segundo a Reuters, 214 eram russos e três ucranianos, muitos deles turistas do resort egípcio de Sharm el-Sheikh que iam para São Petersburgo.

— Agora vejo uma cena trágica. Muitos mortos no chão e outros tantos ainda presos em suas poltronas — acrescentando que o avião se dividiu em duas partes

Um pouco depois de informar sobre o acidente, as autoridades egípcias anunciaram ter localizado os destroços em uma região montanhosa e começado a retirar as vítimas. Até agora, mais de cem corpos já foram resgatados e a caixa preta foi encontrada.

— Os aviões do exército encontraram os destroços do avião (…) em uma região montanhosa, 45 ambulâncias foram enviadas ao local para resgatar os feridos e retirar os mortos — indica o comunicado.

Um funcionário das equipes de emergência, que pediu anonimato, disse à Reuters que vozes foram ouvidas em uma área da queda do avião, levando os trabalhadores começaram a procurar por sobreviventes. No entanto, um pouco mais tarde, forças de segurança egípcias afirmaram que todos que estavam a bordo do avião morreram.

PUTIN LAMENTA E PEDE INVESTIGAÇÃO

O presidente russo, Vladimir Putin, divulgou um comunicado expressando suas condolências às famílias das vítimas do acidente e ordenou ao seu governo que ofereça assistência imediata aos parentes, de acordo com o Kremlin. Ele também pediu a abertura de uma investigação sobre a queda. Neste sábado, familiares começaram a chegar no aeroporto de Pulkovo, em São Petersburgo, e estão sendo levados a um centro de crise.

Fonte: O Globo