 Várias cidades são identificadas não só pelo nome verdadeiro mas também através de um recurso estilístico denominado “perífrase”: rodeio de palavras utilizado em lugar do nome comum ou próprio, destacando algum de seus atributos.
Várias cidades são identificadas não só pelo nome verdadeiro mas também através de um recurso estilístico denominado “perífrase”: rodeio de palavras utilizado em lugar do nome comum ou próprio, destacando algum de seus atributos.
A perífrase (do grego “periphasis”), também chamada de “circunlóquio”, é uma variedade de “antonomásia” – designação de uma pessoa, objeto ou entidade por outra enominação: “Poeta dos Escravos” [= Castro Alves], “Salvador” [= Jesus Cristo], Última Flor do Lácio” [= latim].
Normalmente as construções perifrásticas são bem conhecidas e facilmente associadas às palavras substituídas. Quando não se pressupõe conhecido o termo disfarçado por seu intermédio, a perífrase se torna viciosa ou de qualidade inferior, passando a configurar a denominada “perissologia”. Exemplos de circunlóquios de boa qualidade:
– “Cidade Maravilhosa” [= Rio de Janeiro]
– “Cidade Eterna” [= Roma)
– Cidade Luz [= Paris]
– Cidade Verde” [= Teresina]
– País do Sol Nascente” [= Japão]
O poeta cearense Paula Ney usa uma bela perífrase no soneto FORTALEZA:
“A Fortaleza – a loira desposada
Do sol – dormita à sombra dos palmares.”
Manuel Bandeira e Mário de Andrade também se utilizaram dessa figura de pensamento para homenagear suas cidades natais:
“Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritssadt dos armadores da Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois –
Recife das revoluções libertárias,
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância”
(M. B. – RECIFE)
“Minha Londres das neblinas finas!
Pleno verão. Os dez milhões de rosas paulistanas.
(M. A. – PAISAGEM Nº 1)
Em vários poemas sobre Parnaíba publicados no ALMANAQUE DA PARNAÍBA (edições de nºs. 61/1994 a 65/1998), na seção denominada PARNÁRIAS, colhi exemplos de expressões perifrásticas, aqui transcritas para que cada leitor eleja a que melhor retrata a cidade:
“A invicta Parnaíba, erguendo-se radiosa,
………………………………………………………….
Abre ao sol do Brasil seu lindo relicário.”
(Alarico da Cunha – O CENTENÁRIO DE PARNAÍBA)
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“E que você seja sempre
Rainha do Igaraçu,
Princesa do Piauí!”
(R. Petit – TERRA CABOCLA)
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“Deusa do Igaraçu, Princesa das Canárias,
Tens como trono e sólio essas famosas ilhas.”
(Jesus Martins – PARNAÍBA)
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“És a Princesa de Simplício Dias!”
(Oliveira Neto – PARNAÍBA)
* * *
“Foste líder na história piauiense,
Ao Progresso e à cultura dás abrigo,
Linda joia do nordeste brasileiro.”
(Fernando Ponte – PARNAÍBA)
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“parnaibano nato declaro:
é aqui
e não ali
ou alhures
o meu lugar
a partir de 1762 Vila de São João da Parnaíba
e de 1844 para cá e para sempre cidade da Parnaíba
porta do delta único das Américas em mar aberto.”
(Alcenor Candeira Filho – O MEU LUGAR)
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“PARNAHYBA, NORTE DO BRASIL, eu conheço bem essa história.”
(Danilo Melo – PARNAHYBA)
“Parnahyba, Norte do Brasil” – representa a forma como a cidade era chamada, particularmente em anúncios publicados no ALMANAQUE DA PARNAÍBA, durante o apogeu de seu desenvolvimento econômico, na primeira metade do século XX.
Inácio Marinheiro de Oliveira publicou em 2014 um dos mais belos livros sobre Parnaíba, com muitas fotografias e textos do autor. O título do livro encerra uma perífrase:
PARNAÍBA, A PÉROLA DO LITORAL BRASILEIRO.
“Princesa do Igaraçu” e “Rainha do Delta” são outros exemplos de construções perifrásticas muito usadas pelos parnaibanos.
Qual a mais expressiva para você, caro leitor?
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Por Alcenor Candeira Filho
 
 
