Nasci em Parnaíba, logo sou parnaibano. Óbvio? Sim, e ululante. Mas eis que há alguns anos o jornal cultural O BEMBÉM vem disseminando a esdrúxula ideia de que se deve ou se pode substituir o nome PARNAÍBA pela sigla PHB, que sempre teve uso restrito à área telegráfica.

Se a onda pega, os parnaibanos passaremos a ser identificados através do adjetivo gentílico peagabês. Quer dizer, a indicação da origem – geográfica, política, étnica – da cidade passaria a ser feita por meio do extravagante neologismo “peagabê”.

Claro que estou falando de um assunto que não chega a ser preocupante, porque se trata de proposta bichada no nascedouro e sem qualquer chance de prosperar.

O jornal O BEMBEM vem desempenhando ao longo de dez anos um papel importantíssimo no resgate da história da Parnaíba e na valorização da cultura da cidade em suas múltiplas formas de expressão. E seu diretor-proprietário, Benjamim Santos, é respeitadíssimo dentro e fora do Piauí como grande teatrólogo. Acho que o espírito brincalhão do amigo Benjamim o levou a tal proposição.

O assunto de torna sério quando se erguem dois paredões ao longo da avenida São Sebastião, a mais bela e movimentada da cidade, estampando a frase: EU AMO PHB. O verbo amar é representado por um coração tão vermelho como não há igual em nenhuma parte do mundo. Me engana que eu gosto.

Cabe aqui lembrar que na década de 1940 se cogitou de trocar o nome PARNAÍBA por POTI:

                                                O nome da cidade é originário de Parnaíba,

                                                 situada a 40 kms. da Praça da Sé em São Paulo.

                                                 Parnaíba, no Piauí, é a única cidade brasileira

                                                 que manteve o seu nome original através de

                                                 memorável Campanha Cívica, não obstante

                                                legislação federal de década de 1940, que atribuía

                                                 esse direito à atual Santana do Parnaíba, em São

                                                 Paulo, cidade mais antiga que a nossa.

                                                                                                    (Lauro Correia)

              Esse episódio me inspirou os seguintes versos publicados no livro “Parnaíba: Meu Universo”:

               N O M E S

                 (…)

                   3

     na década de 1940

     os parnaibanos

     quase fomos

     transformados

     por paulistas

     de Santana do Parnaíba

     com o aval

     da ditadura Vargas

     em potienses

     como se nascidos

     em Poti (ex-Parnaíba)

     e portanto

     na exata

     pronúncia nossa

     filhos da puta

     seríamos

     – não fora

     a firme

     forte

     frente

     formada

     por valorosos

    conterrâneos

     hoje mortos

     que na caneta

     e na voz

     e com a história

     na memória

     mantiveram

   o nome

     com/sagrado

     e imutável

     da invicta

     PARNAÍBA.

             4

     abençoados

     sejam sempre

     por todos os santos

     de todos os cultos

     em todos os séculos

     mas nunca alterados

     nomes mágicos

     e definitivos:

     Testa Branca

     Porto das Barcas

     Pedra do Sal

     Lagoa do Portinho

     Lagoa do Bebedouro

     Delta do Parnaíba

     bairro Piauí

     bairro Pindorama

     rio Parnaíba

     rio Igaraçu

     rua Tremembés

     – PARNAÍBA.