Índios guajajaras, os mais numerosos do Brasil, e gaviões participaram sua experiência de onde vivem para técnicos da Embrapa em Parnaíba. Os quatro índios são de Amarante do Maranhão a 740 quilômetrosde São Luís. Eles fazem parte do projeto Arcoverde coordenado pelo pesquisador e doutor em genética e bioquímica Luiz Carlos Guilherme. O grande problema do desmatamento trouxe como conseqüência a escassez de alimentos para 39 aldeias de pelo menos cinco mil indígenas no Maranhão. Diante desta realidade e por ordem do gabinete civil da Presidência da República, pesquisadores estudaram a realidade dos índios de Amarante por dois anos. 

Quatro índios, dois guajajaras e dois gaviões estiveram reunidos com pesquisadores e estudantes na última de quinta-feira (12) no auditório da EMBRAPA onde relataram suas culturas de subsistência e escassez de recursos. Contaram que estão sujeitos a doenças dos exploradores e lamentam a devastação da floresta nas regiões ribeirinhas. Ocasião em que se emocionaram ao lembrar a perda de vidas por conta da opressão pelo desmatamento em incêndios ocorridos. 

Os indígenas vão ficar em Parnaíba até o próximo sábado (21) para aprender tecnologias simples, mas eficazes no trato com alimentação. Como medida urgente enquanto o reflorestamento é feito, um sistema de criação de peixes foi apresentado. O tanque é fabricado com reaproveitamento de materiais onde compartilha água e nutrientes com um canteiro, que depois auxilia na produção de adubo. A água é aproveitada para regar plantas medicinais. 

Outra proposta a ser propagada pelos indígenas é um modelo de galinheiro que valoriza a reprodução de diversas espécies e garante adubo para plantas e minhocas para os peixes. Portanto, um sistema integrado de sustentabilidade. A troca de experiências vai colaborar para a cultura indígena e para a não-indígena. O sistema será propagado pelas tribos guajajaras e gaviões que vieram trocar experiências. O índio Ozeas Guajajara disse que a iniciativa é muito importante para o combate a escassez de alimentos, já Manoel Gaviões destaca ou que tem intenções de levar sementes de arvores frutíferas que deixaram de existir em suas terras por causa do desmatamento. 

A experiência vivida pelos pesquisadores nas tribos indígenas do Maranhão foi apresentada a outros pesquisadores e estudiosos. O objetivo é entender a realidade daquele local e os costumes de seus habitantes para contribuir da melhor forma na intervenção pelo projeto Arcoverde.

Fotos: Daniel Santos